museu do amanha port
Uma ponte para o amanhã – conectando emoções, do racional ao emocional.

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Para esta primeira edição do Blog por Elisabeth Abduch, escolhemos um marco do Design em terras brasileiras que nos dá muito orgulho em compartilhar!

Com arquitetura poética que lembra uma ponte e edificação com conceitos de sustentabilidade assinada pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, no dia 17 de Dezembro de 2015 foi inaugurado na cidade do Rio de Janeiro o Museu do Amanhã museu de artes e ciências erguido na Baía da Guanabara, na Praça Mauá.  O museu que é uma iniciativa da Prefeitura do Rio com apoio da Fundação Roberto Marinho faz parte do plano diretor de revitalização da zona portuária do Rio, local histórico onde a cidade nasceu e se desenvolveu e hoje passa por uma intensa transformação que a prepara para o amanhã.  Construído com estruturas móveis no teto, o edifício capta energia solar ao mesmo tempo em que surpreende o público com um espetáculo de movimentos de abrir e fechar como asas, que acontece ao longo do dia de acordo com a posição do sol. A água da Baía da Guanabara também é utilizada na climatização do interior do museu e nos banheiros e reutilizada no espelho d’água da edificação que após passar por um tratamento é devolvida à Baía. Materiais recicláveis e de alta durabilidade próximos ao local da obra foram considerados durante toda a construção para o menor impacto possível sobre o ambiente.

Cobertura museu do amanha

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No interior da ponte, instalações permanentes de Luiz Alberto Oliveira, criador do museu, físico e curador e expografia do designer Ralph Appelbaum interagem com os visitantes, conduzindo-os numa emocionante travessia que conta com sólido suporte tecnológico e acima de tudo com forte foco no conteúdo. Cinco perguntas norteiam o percurso narrativo desta jornada: Cosmos – de onde viemos; Terra – quem somos; Antropoceno – onde estamos; Amanhã – para onde vamos e Amanhã que queremos – como queremos ir. Totens gigantes representam cada uma dessas etapas resultando em uma exposição-arte que remonta toda essa trajetória, da história do cosmos à formação do planeta que evidencia as condições da nossa existência – “matéria, vida e pensamento”, com destaque aqui para a belíssima obra de Daniel Wurtzel, onde um tecido dançante lindamente ilustra os fluíres da terra; movimentos das placas tectônicas, dos mares, dos ventos e da luz, que capta a atenção do público, proporcionando uma tênue e vibrante experiência emocional.

Totem Gigante
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A travessia continua com o conhecimento do DNA – “vida é inovação e repetição” representado por sublimes imagens de ecossistemas de autoria de Christian Dimitrius que criam um ambiente lúdico com diferentes perspectivas. Através da interação dos visitantes, é possível simular ecossistemas com a preservação ou extinção de determinadas espécies animais, evidenciando a importância de cada uma e o seu impacto no ecossistema. A fase seguinte representa a atividade cerebral do ser humano com imagens e sinapses de um cérebro real, que demonstra como os nossos sentimentos e ações impactam sobre o planeta. E por fim vem o “Antropoceno”, termo usado por alguns cientistas para descrever o período mais recente da história do planeta que revela como a terra reage diante das nossas ações e atividades – aquecimento global, degradação de biomas, caos social e assim por diante…

Na saída, um grand finale  brilhante, literalmente. Se não bastasse a deslumbrante vista da Baía da Guanabara, o visitante ainda se depara com uma impressionante escultura de Frank Stella. Uma linda estrela gigantesca no meio do espelho d’água contornado por um jardim com espécies nativas e de restinga, com design do escritório de paisagismo Burle Marx, indica que o amanhã começa aqui e agora. E para fechar com chave de ouro esta viagem sensorial, a edificação dispõe de um restaurante comandado pela chef Flavia Quaresma e decorado por Bel Lobo.

Museu do Amanha - Estrela foto cesar barra

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O Museu do Amanhã simplesmente nos toca e nos encanta, agrega e prende a nossa atenção o tempo todo, conectando emoções do racional ao emocional que nos levam a uma maior conscientização e séria reflexão sobre os rumos do planeta, alertando para o que fazemos hoje, pois nossas atuais ações têm o poder de desenhar o amanhã que esperamos, possa ser promissor.

Além da impressionante exposição permanente, o museu também exibe mostras temporárias. Entre elas destacamos: “Perimetral: vida e morte urbana”, que é uma impactante instalação multimídia criada pelo artista plástico Vik Muniz, o cineasta Andrucha Waddington e a dupla Liana Brazil e Russ Rive do estúdio Super-Uber, que aborda a demolição do Elevado da Perimetral no centro do Rio de Janeiro que gerou uma grande polêmica na ocasião – pós e contras (questões estéticas, de mobilidade urbana, etc.) e desencadeou uma intensa e contínua mudança na zona portuária do Rio, bem como, a exposição “Free Beer” do coletivo artístico dinamarquês Superflex que combina arte, ciência e tecnologia, onde uma receita de cerveja artesanal é recriada em parceria com uma cervejaria local e compartilhada com os visitantes e,  a curiosa aventura do “Passeio das Baratas”, também do Superflex , que incentiva o público a observar o mundo sob a perspectiva de uma das espécies mais antigas e resistentes do planeta e que provavelmente continuará existindo por muito tempo depois de nós – a barata, levando ao questionamento sobre o amanhã. Através de um tour guiado, os visitantes percorrem o museu fantasiados de baratas conduzidos por dois atores igualmente fantasiados.  As fantasias das baratas foram elaboradas por artesãos da escola de samba Vizinha Filadeira e este tour já foi apresentado no Museu de Ciências de Londres, ganhando um roteiro exclusivo para o Museu do Amanhã.  Simplesmente imperdível! Vale a pena conferir toda a programação do Museu.
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Mais detalhes sobre as exposições aqui destacadas e outras dicas de eventos em nossa Agenda Cultural!

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